Outono e inverno podem ser um pesadelo para quem sofre de rinite alérgica. A associação do clima frio e seco à poluição das grandes cidades é a receita perfeita para o nariz começar a escorrer e entupir.
O frio favorece a proliferação de ácaros, presentes no pó, cortinas, estofados, carpetes, etc., e também de fungos (mofo), que podem ser encontrados naquelas roupas de frio e cobertores há tanto tempo guardados. Se somarmos esses, que são os agentes alergênicos mais comuns no Brasil, a alguns irritantes da via aérea como o cigarro e a poluição, teremos os ingredientes para passar a noite assoando o nariz e tossindo.
E afinal o que é a rinite alérgica? Não é nada mais que o resultado de uma reação imunológica que ocorre no revestimento do nariz quando há o contato de um agente alergênico. Naquelas pessoas que tem predisposição genética para essa condição, a mucosa nasal inflama e incha, o que leva a sintomas como entupimento do nariz, secreção nasal, coceira e espirros.
A rinite alérgica é uma das doenças mais frequentes e não escolhe idade, apesar de ser mais comum entre as crianças e adolescentes. A doença também não ocorre exclusivamente durante o período de outono/inverno, já que outros agentes alergênicos, como pólen, pêlos de animais, e outros irritantes da mucosa nasal, como perfumes, desodorantes, produtos de limpeza, podem gerar uma crise. O ar condicionado, principalmente quando não há atenção à limpeza do filtro, também pode fazer papel de vilão.
O quadro clínico não é o mesmo para todas as pessoas. Há quem predomine os sintomas irritativos com crises de espirro e coceira do nariz, da garganta, do ouvido e até do olho. Outros se queixam mais do entupimento do nariz, que pode ser de apenas um lado, dos dois ou mesmo alternar e, se for grave ou prolongado, pode até mesmo gerar dor na face e cabeça, dor de garganta, além de dor de ouvido e sensação de ouvido entupido. Em crianças pequenas, pode se manifestar com tosse noturna, ronco, sono agitado e ser causa de otites e sinusites de repetição.
Muita gente não sabe que tem rinite alérgica por confundir com resfriado, mas não é normal estar sempre “resfriado”. Ainda, uma rinite alérgica tratada sem orientação pode levar a outra doença chamada rinite medicamentosa, o que acontece quando a pessoa fica dependente de remédios nasais para conseguir respirar pelo nariz.
É importante a avaliação por otorrinolaringologista de pacientes que apresentem crises frequentes de rinite alérgica porque geralmente é possível controlar a doença através de medicação e medidas simples e alguns casos podem se beneficiar de cirurgia. Para pacientes portadores de bronquite/ asma, o tratamento da rinite é especialmente importante por ajudar no controle das crises de bronquite.
Referências bibliográficas
1. Solé e cols. III Consenso Brasileiro sobre Rinites. BJORL 2012;75(6):1-52.
2. Bousquet et al. Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma (ARIA) 2008 Update. Allergy 2008;63(86):8-160
Conheça sua doença
Ih, esfriou... E a Rinite atacou!
Autor
Dra. Juliana Gama Mascarenhas
Otorrinolaringologia - CRM-GO 14.453
Residência em Otorrinolaringologia e Fellow em Cirurgia Plastica Nasal pela UNIFESP/EPM.
Titulo de especialista em Otorrinolaringologia pela AMB e ABORL-CCF.
Graduação em Medicina pela UFG.